Empreendedorismo? Eis a questão.

10 de fevereiro de 2023
Empreendedorismo

Empreendedorismo, sem sombra de dúvidas, é um dos assuntos mais obscuros desses últimos três anos. Com o fácil acesso a internet, parece que “empreendedorismo e digital” viraram sinônimos.

Entretanto, as pessoas estão esquecendo um ponto fundamental: tudo que acontece no mundo digital, precisa, obrigatoriamente, ser planejado no mundo real para ser bem executada.

Conceitualmente, empreendedor, não significa apenas uma relação com o trabalho. Mas com todos aspectos da vida. Ex:. a lâmpada queimou e você trocará. Parabéns, você é empreendedor. Tomou a decisão de realizar algo, executou a ação, trocando a lâmpada.

Mas, o que aconteceu com o empreendedorismo?

É uma questão difícil de explicar, mas claramente há uma distorção. Houve uma gourmetização do verbo empreender, que moldou bonitinho o status de “dono do próprio negócio” para “empreendedorismo”. Hoje ninguém é dono do negócio, hoje todo mundo é empreendedor. Parece bobagem, mas essa mudança de rótulo tem causado sérios problemas para os empreendedores brasileiros, principalmente na percepção do ato de empreender.

Vamos ao números:

• 99% das empresas no Brasil são MEPs ;

• Representam 20% do PIB;

• Representam 58% dos empregos formais;

• 50% fecham em até 2 anos;

• 60% fecham em até 4 anos.

Analisando superficialmente já podemos concluir o papel fundamental dos ‘pequenos e médios’ negócios na construção do nosso país. Sem eles, o Brasil estaria aniquilado. 

O que isso significa? O Estado precisa rever os planos de ensino que, através do MEC, exige que as escolas ensinem. Precisamos de altos investimentos na formação técnica dos empreendedores, que começa ainda lá na ‘pré escola’. Boa vontade, infelizmente, não basta.

Nosso povo é um dos melhores do mundo. Somos felizes, gratos, guerreiros, batalhadores, e principalmente, somos um povo trabalhador. Mas se não canalizarmos todas nossas qualidades para o caminho certo, de nada adiantará, desperdiçaremos todo nosso potencial.

De acordo com o ‘Global Entrepreneurship Monitor’, o Brasil é o país mais empreendedor do mundo.

Três em cada dez brasileiros adultos entre 18 e 64 anos possuem uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. Hoje, somos o país mais empreendedor do mundo. Ou seja, teríamos que ter uma representatividade notável em rankings de relatórios do tipo “empresas mais valiosas do mundo” ou “empresas mais amadas do mundo”.

Mas…

Por exemplo, os EUA dominam o ranking das 10 mais valiosas, com 80%. Em relação as marcas mais amadas, os EUA também lidera com 80% de presença no top 10. Conclusão: o país mais empreendedor do mundo não conseguiu engatar nenhuma grande marca num desses rankings. Nos lembrando o ditado popular: “quantidade não significa qualidade”.

O empreendedor brasileiro empreende com qualidade? Lembrando que, empreender é executar. Melhorando a pergunta: Os donos de pequenos negócios executam suas tarefas com qualidade?

A REPOSTA (INFELIZMENTE) É NÃO!

“Ah, não é bem assim”, muitos podem pensar.

Calma, não sou eu que estou falando, mas os números. Lembra nos dados citados acima? Caso não lembro, trago-os novamente:

• 50% fecham em até 2 anos;

• 60% fecham em até 4 anos.

De cada 10 empresas, 6 fecham as portas em quatro anos.

1. O indivíduo tem uma boa ideia.

2. Cria um bom negócio.

3. Tem bons clientes.

4. Vendem bem.

= E QUEBRA!

Quantas vezes não vemos esse tipo de coisa acontecendo? Lojas perto de nossas casas e ou de nossos trabalhos que vendiam bem, e de repente, da noite para o dia, fecham as portas?

Por exemplo: aquela lojinha de roupa que você está acostumado a frequentar, repentinamente fecha. E na mesa do almoço de domingo questiona com seus familiares: “Nossa, vocês não vão acreditar. Sabe quem fechou as portas? A loja da fulana de tal”. E os questionamentos continuam: “Nossa! Sério? A loja vivia cheia e vendia bem, que coisa não?!”.

A loja era boa, vendia coisas boas, porém, não tinha capital de giro. Não tinha dinheiro para repor o estoque por causa dos pagamentos a prazo. A dona da loja, provavelmente nem saiba o que significa capital de giro.

Ah, não é bem assim — alguns podem estar pensando. Então vamos lá com mais dados do SEBRAE.

A principal causa da falência das empresas é: FALTA DE CONHECIMENTO TÉCNICO.

46% dos empreendedores afirmam que abriram o negócio sem conhecer os hábitos de consumo dos clientes e o número de clientes que atenderiam;

39% ignoravam qual era o capital de giro necessário para abrir o negócio;

38% desconheciam quantos concorrentes teriam;

55% dos empreendedores não planejaram nada da empresa.

Empreender é executar. Empreender é ação. Como as pessoas vão executar tarefas que elas não fazem a mínima ideia que existem?

Portanto, utilizar o termo “empreendedor” para referir-se aos “donos de empresa”, é perigoso e incompleto. O empreendedor é um executor. E um dono de empresa, não pode sair executando as coisas apenas por executar. Existe um negócio chamado ADMINISTRAÇÃO. E dentro de uma hierarquia, a administração está acima do empreender.

Em outras palavras, empreender é apenas uma parte do processo de administrar. E um dono de empresa, precisa ser mais do que um simples empreendedor. Precisa ser um administrador.

As pessoas precisam entender que empreender é executar. Mas, não adianta você ficar cavando um buraco doze horas por dia em frente a sua casa caso não haja interesse de ninguém de comprar esse buraco. Executar por executar é tão maléfico para o indivíduo quanto não executar.

Ser dono do negócio, significa gerenciar todos os processos dentro da empresa. Empreendedorismo não significa necessariamente liberdade. É apenas um raio gourmetizador do rótulo “dono do próprio negócio”. Liberdade está relacionado em seguir a sua vocação, e não em ser apenas o dono de uma empresa.


## Fontes: @thiagovieira em Medium.com

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